Não há fronteiras entre nós!
Desde cedo, a psicologia sempre me encantou, e transformá-la em minha profissão foi um objetivo de vida. Após me formar em Psicologia na década de 70, no Rio de Janeiro, iniciei minha carreira com estágios na área clínica, incluindo na extinta Casa de Saúde Psiquiátrica Dr. Eiras.
Pouco depois de formada, fui convidada a lecionar na Universidade Santa Úrsula e a supervisionar um projeto inovador na TV PINEL, do Instituto de Psiquiatria Philippe Pinel. Paralelamente, comecei a trabalhar com psicoterapia infantil na Clínica Pro-Ped, o que me levou a abrir meu consultório particular.
Um dos casos mais marcantes da minha carreira foi o de uma menina de apenas 3 anos. A pequena vivia com a mãe, que havia sido abandonada pelo pai biológico e estava prestes a se casar novamente. O novo companheiro da mãe estava preocupado, pois a criança o rejeitava, empurrando-o para longe e chorando sempre que ele se aproximava. Ele me contou que, nos desenhos da menina, apareciam todos, menos ele, o que o fazia temer por uma futura rejeição.
Na primeira sessão, preparei uma caixa de brinquedos e materiais para desenho. Quando encontrei a menina, abaixei-me para ficar à altura dela e expliquei que subiríamos para uma sala de brinquedos para conversar. Ela hesitou, mas logo me deu sua mãozinha, e fomos juntas para a sala.
Em determinado momento da sessão, a menina começou a rasgar papéis em muitos pedaços, com uma certa fúria. Eu comentei que ela estava muito zangada porque achava que, com a presença do novo companheiro, ela iria perder a mãe. Mas garanti que “ela não iria perder a mamãe, e sim ganhar um papai”. Ela parou, olhou-me longamente, como se estivesse processando minhas palavras. Em seguida, pegou a fita durex e começou a juntar os pedaços de papel, colando-os. Foi um momento simbólico de reconstrução.
Alguns dias depois, o futuro padrasto me ligou, aliviado. A menina havia começado a incluí-lo em seus desenhos e até insistia para que ele dormisse em casa, pedindo para ele abraçar sua mãe. Fiquei surpresa, pois uma única sessão foi suficiente para romper o padrão de sofrimento que, se não tratado, poderia se tornar um problema maior no futuro.
Essa experiência me mostrou o quão poderosa pode ser a terapia infantil, especialmente quando o trauma é abordado precocemente. Embora tenha começado minha prática com crianças, percebi que, muitas vezes, a dinâmica familiar inteira precisava de atenção. Isso me levou a expandir meu atendimento para casais e famílias, pois muitas vezes a criança era um reflexo dos desafios enfrentados pelos adultos ao seu redor.Com o tempo, minha prática se ampliou para incluir adolescentes e adultos.
Ao longo dos anos, busquei continuamente aprimorar meus conhecimentos teóricos. Realizei uma pós-graduação em Psicologia Clínica e uma formação em Psicanálise pelo Círculo Brasileiro de Psicanálise, onde atuei como supervisora, coordenei a Clínica Social e ocupei cargos na diretoria, incluindo a presidência.
Minha paixão por aprender me levou a explorar diversas áreas do conhecimento, como Filosofia e Aconselhamento Biográfico pela Antroposofia, sempre com o objetivo de enriquecer minha prática clínica e oferecer o melhor suporte possível aos meus pacientes.
Minha trajetória reflete um compromisso contínuo com o crescimento profissional e o cuidado com meus pacientes, buscando sempre novas formas de entender e apoiar aqueles que me procuram.
Atualmente meu foco é no atendimento on line de pessoas, a partir da maioridade.